29 de junho de 2012

uma casa sem chave


o que é gostar, afinal?



gostar demasiado é simples. complicadamente simples. é não haver hiatos. não existir sono. não existir noite. é estar sempre acordados. viver constantemente.
é morrer quando esse gosto se evapora. gostar demasiado é fome. é deliciar com o doce gosto amargo e a dura luta que afagos exuberantes exigem. porque gostamos sempre exuberantemente demais. é isso.
porque não sabemos o que é gostar. é. quando gostamos demaisexplodimo-nos. usamos a granada mais destruidora. é que quando gostamos demais não suportamos a ideia de não nos demorarem tempo. e aos bocadinhos, demorarão mais a encontrar-nos. 

gostar demasiado é ter uma casa. com a porta aberta. mas como temos a chave, não sabemos como entrar. não sabemos que casa é. e, ainda assim, entramos.

13 de junho de 2012

o preço

esta noite um domiciliado do mundo dos sonhos dormiu. e teve uma realidade comigo. pedi que me falasse da sua abóbada celeste.



lá as estrelas são prateadas e a lua dourada. o mundo é iridescente e os sorrisos marcam presença. lá a amargura sabe a lúgubre, sabe a noite, cheira a doce (porque no seu âmago não existe). só quando o sol se aconchega é que [o mal] espreita os malandros. (sim, os malandros da vida. esses têm sono e adormecem. têm realidades, tal como nós sonhos.) a desgraça não passa de pesadelos iluminados. custa dormir porque é à noite que tudo se torna real. estes malandros injetam-se patologias (porque o adaptativo é estar acordado. o sono não é natural, é sintoma da patologia da malandragem. lá, todas as horas do dia merecem os olhos vigilantes. porque até a lua é dourada e as estrelas prateadas.)
ser feliz tem o seu preço. ser feliz por sorte (como os malandros que nasceram lá) custa-lhes a perda das maravilhas, custa-me toda uma vida limítrofe, à margem. aos outros, felizes genuinamente, custa-lhes a miragem.
era suposto sentir-me inaudito ao ouvir coisas novas. mas fiquei triste por ter pensado que sonhar é caro. que ser feliz ultrapassava as dimensões humanamente simples. lembrei-me que é neste mundo que o peito se pode encher de conquistas. se vivermos grudados às ambições e lutarmos, conseguimos. pode ser hoje, pode ser amanhã, pode até ser depois. mas vai ser. o preço está-nos nas entranhas, na intrepidez. está em não deixarmos adormecer. em sabermos manter os olhos abertos e saborear oportunidades. em sabermos ser humanos.

tartamudeando, apenas agradeci a conversa. devolveu-me forças. e percebi que, afinal somos vizinhos.

5 de junho de 2012

partilhar exceções, ii

é. ninguém fala de amor como tu.

já sabes falá-lo de cor. e não precisas de fingir, já o vives. 
bolas. afinal ser humano é também saber reconhecer. e tens-me o mérito todo. nas tuas doces palavras, brilham harmonias, assomam-se sonhos, erguem-se palavras melífluas.
devia sentir os melhores Sentimentos a fugirem-me das mãos. mas não. porque também partilho dos teus abraços de felicidade. não, não és um émulo. és meu amigo. 
obrigado por me presenciares tamanha homenagem ao amor. ao Amor. tens o que mereces. 

é. ninguém fala de amor como tu.
(quando me deixarem, eu mostro-vos, blogosfera, estas pérolas palavras. este diálogos sublimes.) 

1 de junho de 2012

sumaúma

é. isto das humanidades tem os seus quês.




sempre que algum ser me arranca um sorriso ou me eleva o olhar, o meu coração estreme-se. ares calorosos são sempre bem vindos. quando me rendo às bonomias, não consigo resistir. é mais um parágrafo na história da minha vida. é mais um traço anímico na minha existência. e todos fazem a valer a pena. de maneiras díspares, conjugam entes.
há coisas que escondo no bolso, que engulo a seco, que escondo debaixo do tapete. mas (des)amores da vida estão-me no sangue. sinto-os todos os dias, ponho-lhe o braço pelos ombros sempre que me apetece. é. se me apetece dizer-te que gosto de ti, simplesmente o digo. porquê temer verdades? não será de luto que ouvirão as minhas palavras, os meus sentimentos.
mas que as outras pessoas não sejam assim... salta-me a mão a coçar a testa escondendo a cara. não aceitarem isso... corrompe-se tudo. enche como um iogurte estragado. saibo a azedo. as pessoas não são resolvidas e acreditam em começos do zero. santa ignorância. é com cada mágoa, cada êxtase que o meu coração fica como as sumaúmas. tem uns toques exóticos mas as historinhas é que tornam o tronco assim tão robusto. é o meu passado que me construiu e rebentou, no cume, aquilo que sou.
apesar dos inúmeros espinhos simples, é chamado de algodoeiro. e é assim que me rendo à humanidade. na minha humanidade de sumaúmas.

entenda-se por amor todo e qualquer gesto, palavra ou olhar que, de algum trejeito, tocaram nas sumaúmas.

até sempre.