28 de julho de 2012

alma gémea

(alma gémea): decerto que o era. o problema é que não entendemos estas palavras. pensamos que uma alma gémea é o par perfeito e isso é o que todos queremos. mas uma verdadeira alma gémea é um espelho, uma pessoa que nos mostra tudo o que nos retém. alguém que faz com que nos centremos em nós para que possamos mudar a vida. uma verdadeira alma gémea é a pessoa mais importante que conhecemos. deita-nos abaixo as defesas e desperta-nos a consciência.
mas viver com uma alma gémea para sempre? (não.) elas entram na nossa vida para nos revelarem uma outra camada de nós mesmos e depois vão-se embora... servem para mostrar os nossos obstáculos e vícios e abrem-nos o coração.
(o problema é quando somos como cães no meio do lixo, lambendo uma lata vazia, sujeitando a ficar com o focinho entalado e estragar a vida. o problema é o medo de ficarmos sozinhos, da nossa morte sem ninguém.) se apagarmos essa obsessão, deixaremos um vazio, uma passagem para o amor sonhado.
(desejamos sempre demais.) temos de aprender a largar as coisas, caso contrário, adoecemos. não voltaremos a ter uma boa noite de sono.
elizabeth gilbert, adaptado




hey.
desculpa se não tens a minha alma. já tive a minha alma gémea. de facto foi ela que me despertou para o amor. que me ensinou que o mar é mais que um oceano. que o amor é mais do que sentimentos. que o sol se põe de manhã, e se levanta à noite: porque de dia a lua ilumina sem ver. como o amor. como o nosso amor. tem a luz mais forte, ganha à velocidade da luz e ainda assim não se vê.
a minha alma foi entregue. para sempre. parece injusto, eu sei. mas mentir-te-ia dizendo o contrário. às vezes temos de parecer injustos para que a vida mostre a verdade. a minha alma gémea nunca deixará de fazer parte da minha vida e talvez seja a única pessoa por quem daria a vida. 

mas existes tu. tens-me o meu coração entregue. talvez não entendas porque não daria a vida por ti. ainda que passe uma ou outra noite acordado a sonhar se adormecer com a minha alma gémea. tal não significa que a amo. ou que te amo menos. roubaste-me o meu coração e eu deixei.
ainda que a minha alma esteja entregue a outra pessoa, o meu coração está entregue a ti. talvez não entendas isso. talvez ninguém perceba. talvez te custe teres o meu coração. mas tens-me todo.  para ti. não julgues por não teres a minha alma é tudo menos. acredita que é tudo mais. tudo tem o seu tempo, cada ampulheta guarda um amor. e a nossa ampulheta é infinita.

por ser sido a minha alma gémea, devo-lhe a alma. mas o coração não. e a alma serve para aprender. o coração serve para viver. para uma vida.

não te preocupes com pormenores. ainda que seja todo por eles. dá-me a mão. vamos viver.
até já. aliás, até sempre.
daniel seabra

27 de julho de 2012

quantos sentidos terá o amor?


 

e sentir? precisamos de suprimir algum dos sentidos para... sentir? será que se taparmos os ouvidos sentimos mais? talvez. se ensurdecermos deixamos de ouvir o coração. e o que fazemos ao ritmo do amor? gosto de sentir as batidas do amor. gosto do som do por do sol, gosto do barulho do beijo. gosto da melodia de um amo-te.
precisaremos de saborear para sentir? oh. o amor não tem sabor. embora saiba a doce. amargo por vezes. sabe mais a mar. ao nascer do sol. sabe a mais, sabe a eterno. que canto da língua deteta esses sabores?
sabes a que cheira uma alma? quando mais duas...
se taparmos os olhos, sentimos mais? quiçá. quando fechamos os olhos, vemo-nos por dentro. e o amor é ver por dentro. é percorrer cada orgão e encontrar nele a vitalidade do amor. porque no amor sentimo-nos vivos. sim, talvez devêssemos amar de olhos fechados. e de mão dadas? sempre. acho que devemos ter as mão abertas. sensíveis ao toque. o amor tem os maiores nervos, suga-nos as maiores sensações.

é isso. para sentirmos melhor, devemos fechar os olhos e dar as mãos. acho que é isto. teoria apoucada. oh. o amor  tem o seu sentido. tece uma teia indecifrável entre os nossos sentidos. no amor chegamos a cheirar sons. a ver sabores. a sentir paisagens. a ouvir essências. oh. não sei escrever sobre o amor. mas sei que quero fechar os olhos. para compreender melhor as vozes do coração de alguém. quero dar as minhas mãos. o resto não quero saber. no amor não se pensa, sente-se. e já penso demais quando fecho os olhos e dou as mãos. apesar dos apesares.