14 de fevereiro de 2015

casa

ph: monochrome chicken


há dias que a alma se embrulha tão finamente que, falando, ficas sem ar. e dias tão curtos que tens tempo para te desembrulhares. dias cinzentos, refinados de lembranças, sonhos e ambições. sentes cada céu mais amplo, cada divisão metodicamente arrumada. os corredores emanam as piores fotografias. com o seu melhor sorriso. e ainda assim sentes-te bem.
despido.
ousas vestir amor e sorrir ao por do sol. fazes humor com as tuas cicatrizes e desistes de fazer tatuagens para as tapar. ouves-te tão bem e amargamente que cada nó se vai desembrulhando.
outrora(s).
dias cinzentos, recheados de cor. e de silêncio. de gaivotas no parapeito e frio nas entranhas. oh, tão dor minha! e que bem me sinto!
a maioria das vezes confundo dor com vida. e vida com prazeres. como se a vida tivesse o encargo de te levar ao colo, embrulhado na melhor manta. quando a (minha) casa é o único sítio que conheço.
e ainda bem.

serve-me a alma embrulhada para me aquecer. para me dar alento e me sentir em casa. em dias cinzentos, chuvosos. mas bem quentinhos. e tranquilos.