25 de agosto de 2014


na ausência, os corpos estranham-se. o andar muda, o cabelo fica mais escuro e o riso soa a forçado. as mãos tremem, temendo o abraço do fim. o desgosto da fuga. porque quando nos ausentamos, fugimos. fugimos de maleitas invisíveis e de sonhos quebrados. na ausência fugimos. 

bebe-se sangue negro em goladas afiadas. as veias entopem-se, o sangue é, lascivamente, venenoso. o coração aperta, é o mais silencioso. o corpo sincineseia todo sem querermos. ao tão estridente compasso da amargura. 

a ausência fere. mais que o desaparecimento do nosso por do sol. mais do que promessas por cumprir. mais do que o vazio que deixámos. 
a ausência fere. e o pior de tudo é que, desejando-te de volta, as pernas prendem-me. não consigo ir. cobardias. 
ausências acobardiam-me. 


ph: giulio musardo



desculpa.
por favor, lembra-te do nosso esconderijo. estou lá. sempre. 
à tua espera. vem que preciso de ti. ainda que os nossos corpos se estranhem, as almas precisam de se abraçar. é nelas que está a alquimia.

19 de agosto de 2014

gosto de ti porque me deixas

gosto de ti porque me deixas partilhar.
gosto de ti porque me deixas viver.
gosto de ti porque me deixas apaixonar.
gosto de ti porque me deixas ser feliz.


ph: martin valentin fuchs

gosto de ti, e não porque me deixaste. 
há uma parte de mim que gosta de ti: a maior.