11 de maio de 2013

despido

há sempre algo em ti que me escapa. que não consigo explicar com leis racionais ou manhas néscias.
há sempre algo em ti que me desarma. não sei se é a maneira como os teus dedos escorregam nas cordas da viola que te dei ou se aquele olhar ternurento que fazes sempre que acendes a lareira quando passas os domingos comigo. não sei. 
mas é assim. deixas-me sempre nu. ausente de estratégias e submisso à espontaneidade. é curioso como esse simples sorriso me destrói tão dura capa. é angustiante a paz que me deixas. e apesar de exposto, sempre em casa. sinto-me sempre em casa. na tua minha nossa casa.
tens tanto de ilusões e sonhos, como de amargura e dores. admiro-te, já to disse? espanto-me como é que me sinto tão bem no meio de nada. onde cada passo que dou tem exatamente a distância entre as minhas pegadas. onde cada palavra que solto é distante de filtros sociais e conscientes. é nesse manto infinito que vivo. que vivo contigo.

sei de sonhos. sei de livros sem finais. sei de canções ao ritmo do coração. sei de mãos que nunca se separam. e até de almas grudidas.
sei de ti.
sei de amores de manequins. e gosto que o nosso amor apenas vista o que sentimos um pelo outro. gosto que o nosso amor seja pintado num quadro em tons laranja e rosa. onde as nossas mãos se cruzam com a linha entre o céu e o mar. os corpos estão nus.  
nao sei explicar porque me desarmas. mas sei exatamente que é assim que gosto de ti. de roupas queimadas. talvez nem o próprio amor tenha roupa. e por isso tanta gente o esfola e suja por aí.