24 de novembro de 2013


« pois o que é tudo senão o que pensamos de tudo?
estala, coração de vidro pintado! »
alberto campos

7 de novembro de 2013

moinhos cruzados.

que o amor é uma questão de timming, é-me indiscutível. mas que a vida é boa negociadora, não.


ph: lukas katrinak



somos iscos do tempo. do tempo cronológico e de um tempo que nos alberga as entranhas. tempo esse que tem tanto de ponteiros harmoniosos como de ponteiros mordazes. corrói-nos os dedos. os dedos que nos tocam a alma. cruzam-nos os sonhos.
a vida enche-nos. é um facto. mas enche-nos por fora. enche-nos esse tempo cronológico. ajuda-nos a ter sucesso(s). a vida anda de mãos dadas com as brumas do amor, senhor de tempos mágicos.

âmagos.

mas o que nos move é intemporal e, como tal, dono de tempos próprios. tempos inegociáveis. tempos que - humamanente - nos enchem. tempo que nos criva a vida, que deixa que os segundos nos escorram na cara. sorrindo a cada pedaço de felicidade.
nascentes.
nascem-nos as belas fraquezas, nasce-nos a pureza. quando amamos, amamos com o que nos resta de calibrações. quando amamos, amamos com dedos corroídos, mas com a mão cheia. tão cheia de nadas que nos enchem.
quando amamos, amamos com os nadas dos tudos. e é aí que está a beleza. enchemos por dentro.

deixa saudade. o tempo que deixámos.
deixa saudade. o tempo que nos enche.
deixa saudade. o tempo de corações lúgubres.  
deixa saudade. o tempo que nos move. afinal somos feitos daquilo que nos move. de moinhos cruzados. de ventos e tempos.