3 de janeiro de 2014

flores amarelas

quando aceitamos a dor, ela torna-se mais limpa. com menos nódulos.
embora ainda custe. muito. dói-me porque não fui eu que (te) escolhi. eu apenas me rendi, deixei que os sonhos te incluíssem. deixei-me dividir. deixei a porta aberta. e guardei a melhor sala para te receber. 
ainda que a medo. medo das vulnerabilidades. medo de mim. medo de um eu, completamente novo, com um lugar para partilhar.
dói quando foi o coração a escolher(-te) e o mundo te roubou. dói que as flores tenham ficado com um amarelo mais carregado, não fosse a cor da amargura. revolta-me que as flores tenham perdido a cor vermelha. aliás, sabes como me revoltam as injustiças no amor. sabes o quanto me fere a ausência. o quanto acho desumano. 
desumano.

ph: alex stoddard


mas aceito. ainda que não consiga falar com tanta coisa que engoli. não do que não te disse, mas do mundo que te roubou. 
mas aceito. ainda que chore todos os dias. 
mas aceito. embora nem sempre pareça. 
e continuo a gostar de ti. ainda que o mundo nos roube isto, que as flores nos sejam amarelas, eu gosto de ti.
levo comigo o que consegui de ti. e fiz tatuagens daquilo que nos une.

hoje escrevi pequenino. assim só porque quis. na tentativa que, vendo-se menos, doa menos. (em vão.)
hoje escrevi com uma tranquilidade que desconhecia. uma tranquilidade que se sobrepõe ao quanto sangro por dentro. porque talvez assim ainda eu dure o tempo suficiente para te dizer que gosto de ti. não quero nada. aliás, quero pouco. quero só que não te esqueças que não fui eu que te escolhi. foi o coração.